O tempo estimado de leitura é de 8 minutos
É uma verdade universalmente reconhecida que blog é legal. Começaram como diários, hoje podem ser fonte de renda; tem muito conteúdo bom, tem muito conteúdo ruim; são fáceis de começar, difíceis de manter… No momento, tenho 8 posts em rascunho no WordPress. Tenho mais não sei quantos rascunhos no meu Evernote. E inúmeras ideias na cabeça. Digo que não termino nenhum deles porque estou sem tempo, porque tenho coisa demais a fazer, porque estou terminando outros projetos… a tal da resistência tá bombando.
Daí ontem estou eu num ônibus, quatro horas de viagem, como tenho feito todas semanas há um mês. Minha viagem semanal consiste de 14h na estrada, divididas em:
- ônibus até a rodoviária – 30min (entre espera em parada e trânsito. Detalhe, levo 3min de carro);
- ônibus até Porto Alegre – 4h30min (as vezes, 20min);
- trem até Novo Hamburgo – 1h (2/3 desse tempo em pé, com mochila pesada na barriga);
- ônibus até o campus da Universidade – 1h (considerando 3/4 desse tempo é espera);
- repete na ordem inversa.
Isso pra ter 4h de aula com professoras maravilhosas, com colegas sensacionais, e um conteúdo que me deixa cada vez mais confusa. E, por consequência, cada vez mais maravilhada com a capacidade humana de ir além do básico, fazer conexões, e pensar e ver, de dez maneiras diferentes, a mesma coisa.
Tudo isso pra dizer que tenho tido muito tempo pra pensar. E muitas perspectivas novas pra pensar as coisas que já pensava. E muitas coisas novas pra pensar. Inclusive, tempo pra pensar que seria interessante fazer um jogo no qual repito a mesma palavra o maior número de vezes. Pensa nisso 😉
Pensando…
Enquanto penso e rascunho novos posts, penso também em como fazer um post legal, que vai bombar nas redes sociais, que vai levar o blog além, que vai fazer meu nome na blogosfera. Que vai aumentar meus números, meus seguidores nas inúmeras redes sociais, que vai me colocar no mapa como “A CARA” do design, me transformar em referência nacional – e, quiça, um dia, interplanetária.
Fora as outras quinhentas mil coisas que penso, como o problema de pelos do meu gato, o Lego Senhor dos Anéis que estamos jogando, se vou pintar o cabelo ou não… Mas agora é hora de pensar em blog. E números… Ah, os números. Penso também que tenho que parar de pensar e começar a agir.
Começo a agir escrevendo esse post, depois de ler outro post maravilhoso, que serviu de ponto de partida pra juntar alguns desses variados pensamentos isolados que tenho tido. Não sei tu, mas eu sou uma bagunça designer, e tenho sempre vários fragmentos rolando pela cuca, e ali eles ficam até encontrarem seu lugar certo, e a peça certa chegar, pra se juntarem e virarem algo – seja um texto, um produto, uma logo… Mais ou menos como um quebra cabeça. Mas isso é história pra outro post.
Então, no post maravilhoso, a Duds fala com sentimento sobre o que foi, o que é, e o que será a blogosfera. De diário virtual a possível fonte de renda, de conteúdo pessoal a conteúdo comercial, e como essas mudanças refletem no que é produzido. Da mudança de postar quando quero a ter uma agenda de posts, que deve ser seguida à risca ou perco seguidores, e se perco seguidores perco patrocinadores, e se perco patrocinadores perco renda, e assim por diante, ad infinitum e além…
Por que blog?
Pensei, então, em começar definindo o porque de eu escrever esse blog.
Primeiro: sou, acima de tudo, uma empreendedora criativa. Trabalho com identidade para empreendedores, o que inclui logo e site em WordPress, então um blog é um ótimo cartão de visita.
Segundo: o blog é uma boa plataforma pra mostrar meus valores. Esse blog não é pessoal, é da minha empresa, a Bergamota Design. Apesar de escrever em primeira pessoa, de contar histórias do meu cotidiano, e piadas que não deveriam jamais sair do meu cérebro, ainda representa a empresa, e os valores dela. O que acredito ser bom design, boa prática de negócio, enfim, ser um bom ser humano.
Terceiro: o blog me posiciona como expert. A cada post, mostro que entendo do assunto, do babado, do angu… O que é ótimo pra mim, e ainda mais, pro meu possível cliente, que pode me conhecer antes de se comprometer em me pagar um monte de barões pra fazer um serviço pra ele. Que, é claro, farei com maestria e muito glitter ;).
Quarto: o blog me posiciona como referência. Assim como expert, ser referência também é importante pra pequenos negócios como o meu. Não basta ser fabulosa, é preciso ser lembrada. E, com um blog de impacto, a esperança é que, cada vez que meu leitor – ou seja, tu – pensar em design, vai pensar em bergamotadesign.com. Vai pensar em mim. Eu vou ser referência. E isso é como uma pedra jogada na água, que gera ondas que geram ondas que geram ondas… Até que sou a Imperatriz do Universo! Ou ao menos referência em design.
Quinto: é necessário. Meus leitores são criativos e artistas e empreendedores que fazem coisas incríveis. O blog é minha tentativa de ajudar essas pessoas maravilhosas que fazem coisas maravilhosas.
Sexto: é boa tática de negócios. Aqui entram os números. Tráfego, leads, conversões… Ah, vamo-falá-sério, sou designer, artista, escolhi minhas graduações baseada na inexistência de matemática e números. E aqui entra a próxima questão:
Por que números?
Quero deixar bem claro: não entendo nada do que vou falar a seguir. Até já tentei, estudei, pesquisei, mas no fim do dia, os números não me interessam. E aqui está o porque desse post todo.
Os números não me interessam.
Claro que fico feliz quando alguém curte meu conteúdo, compartilha minhas publicações, me segue em alguma das redes sociais. Isso valida meu trabalho, me diz que estou no caminho certo, e guia minhas próximas ações. Fora que, vamo-falá-sério, faz um bem enorme pro ego.
Mas, por exemplo, não invisto em publicidade no Facebook. Não busco, ativamente, curtidas na página, ou retweets, ou comentários no blog. Não me preocupo em publicar x posts por semana, em ser popular, em ter mail lists astronômicas. Não tenho interesse em leads, seguidores, curtidas, e todos os outros termos do marketing que povoam a blogosfera no momento. Não é meu foco.
Primeiro porque meu blog não é fonte de renda: é meu cartão de visita. É como me apresento pro meu público, possível cliente, e as criaturas maravilhosas que já são clientes.
Segundo porque a Bergamota é artesanal. É um pequeno negócio, por isso tem limites. Não tenho como atender um grande número de clientes por mês – e não quero. Acredito – melhor, sei – que trabalho melhor em pequena escala, dando toda minha atenção a meu projeto atual, e criando vínculos afetivos com meu cliente. Isso me permite conhecer melhor tanto a pessoa quanto o empreendimento, e ajudar a traduzir sua identidade pra que o resto do mundo também a veja.
Terceiro porque já tentei e não me importo em dizer que falhei. Assim como falhei em várias outras coisas. Falhei porque não vejo o porque dos números, não entendo como funcionam, pra que servem, simplesmente não computa, assim como nunca consegui entender álgebra e o porque do maldito x. Não vejo vantagem em ter milhares de curtidas no Facebook, milhares de seguidores no Twitter, milhares de compartilhamentos no blog. É o tipo de coisa que, quando puder, vou contratar alguém pra fazer pra mim. Mas desisti.
Que fique bem claro: desisti por agora! Desisti de seguir os números porque, quando tentei, me vi consumida por eles, a ponto de não mais conseguir produzir. De ficar tão obcecada por eles que não sobrava mais tempo pra nada. Tão obcecada que parava de escrever, ou deixava milhares de rascunhos inacabados, porque não via como aquilo ia ajudar os números. Os números se tornaram meu porquê, e meu porque se tornou um número.
Sei que os números são importantes. Sei que há muita gente boa estudando e pesquisando e aplicando eles. Sei que é o ganha-pão de muita gente, sei que é fundamental… Mas não é meu foco agora.
Quando desisti dos números, lembrei do porque do blog
E este é criar conteúdo relevante, que me coloque como expert e referência no meu nicho de mercado, que mostre meus valores, que me ajude a conectar com meu público, e que, acima de tudo, ajude meu leitor, tu, a desvendar os mistérios e construir sua identidade.
Portanto, se puder escrever um post por semana, escreverei um post por semana. Se puder escrever um por mês, escreverei um por mês. Mas escreverei com a qualidade e a atenção que acredito que o blog mereça. E mais, escreverei conforme minha agenda permitir, porque tenho 14h de estrada por semana, tenho a mim mesma, meu filho e meu gato pra amar e cuidar e querer bem, e acima de tudo tenho clientes que não posso negligenciar, e que devem ser minha prioridade – como não têm sido enquanto enlouqueço porque meus números não são o que deveriam ser.
Então, obrigada Duds. Obrigada por escrever o que pensava, o que me ajudou a escrever o que penso. E, mais ainda, me ajudou a entender o que penso, o que também permitiu escrever o que penso. E rever meu comportamento, e meu posicionamento, e minhas escolhas.
E, se fiz meu trabalho direitinho, tu está agora pensando no teu comportamento, no teu posicionamento, e nas tuas escolhas. Se forem iguais aos meus, ou não, espero que os minutos que tu passou aqui, lendo o que escrevi, te ajudem a encontrar teu caminho. E se quiser compartilhar, curtir, ou o que seja, agradeço. Vou saber que fiz meu trabalho bem feito, e vou pensar em ti com carinho.
Ameeeeeei, me sentia assim, com o blog. Inclusive, resolvi até mudar tudo, nome, marca, e tudo, porque eu não tenho menor interesse em ser blogueira materna, mas ser uma mãe, psicóloga, que tem um blog, e que o blog vire o nome da minha empresa de serviços para mulheres que são mães, mas nada de vender serviço para mil pessoas, porque nem dá, cada caso é um estudo tremendo, que se eu não tiver tempo para estudar, a coisa não anda. Aí parei de endoidar com números, queria muito que o blog se tornasse fonte de renda um dia, mas não é assim, então, paciência. Prefiro me concentrar em estudar, para montar meu curso virtual, e continuar alcançando meus pacientes com qualidade.
Raisa, bem como penso. A Bergamota não é pra todo mundo, {não no sentido exclusivista! No sentido de nicho de mercado mesmo!} então porque me preocupar em alcançar o máximo número possível de pessoas? Melhor alcançar meu público alvo… Mas, mais sobre isso mais adiante, porque fui estudar o porque dos números e aprendi um monte de coisa 😉